Páginas riso

segunda-feira, 2 de abril de 2012

a surpresa do zé


Zé  adorava  feijoada.  Porém,  sempre  que comia, o feijão causava-lhe uma reacção fortemente embaraçosa. Algo muito forte.
Quando   chegou   a   altura  de  pedir  a  mulher  em  casamento,  pensou:
-  Ela é de boas famílias, cheia de etiqueta, não vai aguentar estar casada comigo  se eu continuar a comer feijão. Decidiu fazer um sacrifício supremo e deixou-se de feijoadas.
Pouco  depois estavam casados. Passados alguns meses, ao voltar do trabalho o  carro  avariou.  Como  estava longe, ligou para a mulher e avisou que ia chegar  tarde  pois  tinha  que  regressar  a pé. No caminho, passou por um pequeno  restaurante  e  foi  atingido  pelo irresistível aroma de feijoada acabadinha  de  fazer.  Como faltavam vários quilómetros para chegar, achou que a caminhada o iria livrar dos efeitos nefastos do feijão.
Então  entrou, pediu, e ao sair tinha três doses de feijoada no estômago.
O  feijão  fermentou e durante todo o caminho, foi-se peidando sem parar.

Foi para casa a jacto. Peidava-se tanto que tinha que travar nas descidas e nas  subidas  quase  não  fazia  esforço  para andar. Quando se cruzava com pessoas  continha-se ou aproveitava a oportuna passagem dum ruidoso  camião para  soltar  gás.  Quando  chegou  a  casa,  já se sentia  mais seguro.
A   mulher   parecia   contente  quando  lhe  abriu  a  porta  e  exclamou:
"Querido,  tenho  uma  surpresa para o jantar!". Tirou-lhe o casaco,pôs-lhe uma venda nos olhos, levou-o até à cadeira na cabeceira da mesa, sentou-o e pediu-lhe que não espreitasse.
Nesse  momento,  já sentia mais uma ventosidade anal à porta! No momento em que a mulher ia retirar a venda, o telefone tocou. Ela obrigou-o a prometer que não espreitava e foi atender o telefone. Enquanto ela estava longe, ele aproveitou  e  levantou  uma  perna  e  -ppuueett - soltou um! Era um peido comum.  Para  além  de  sonoro,  também  fedeu como um ovo podre! Aliviado, inspirou profundamente, parou um pouco, sentiu o fedor através da venda, e, a  plenos pulmões, soprou várias vezes a toda a volta para dispersar o gás.
Quando  começou a sentir-se melhor, começou outro a fermentar! Este parecia potente.
Levantou  a  perna,  tentou  em  vão  sincronizar uma sonora tossidela para encobrir, e pprrraaaaaaaa! Sai um rasgador tossido. Parecia a ignição de um motor   de  camião  e  com  um  cheiro  mil  vezes  pior  que  o  anterior!
Para  não sufocar com o cheiro a enxofre, abanou o ar sacudindo os braços e soprando  em  volta  ao  mesmo tempo, esperando que o cheiro se dissipasse.
Quando  a  atmosfera  estava  a  voltar  ao  normal,  eis que vem lá outro. Levantou  a  outra  perna  e  deixou sair o torpedo! Este foi o campeão: as janelas tremeram, os pratos saltaram na mesa, a cadeira saltou e num minuto as flores da sala estavam todas murchas.
Quase lhe saltavam os sapatos dos pés.
Enquanto  ouvia a conversa da mulher ao telefone no corredor, sempre fiel à sua  promessa  de  não  espreitar,  continuou assim por mais uns minutos, a peidar-se  e  a  tossir,  levantando  ora uma perna ora a outra, a soprar à volta,   a  sacudir  as  mãos  e  a  abanar  o  guardanapo.  Uma  sequência interminável  de  bufas,  torpedos, rasgadores e peidos comuns, nas versões secas  e  com  molho.  De  onde a onde acendia o isqueiro e desenhava com a chama  círculos no ar para tentar incinerar o nefasto metano que teimava em
acumular-se na atmosfera. Ouviu a mulher a despedir-se e sempre com a venda posta,  levantou-se  apressadamente,  e  com  uma  mão deu umas palmadas na almofada  da  cadeira para soltar o gás acumulado, enquanto abanava a outra mão  para  espalhar.  Quando  sacudia e batia palmadinhas nas calcas largas para se libertar dos últimos resíduos, ouviu o plim do telefone a desligar,
indicando  o  fim  da solidão e liberdade de expressão. Alarmado, sentou-se rapidamente,  e  num  frenesim  abanou  apressadamente mais algumas vezes o guardanapo,  dobrou-o,  pousou-o na mesa, compôs-se, alinhou o cabelo, respirou  profundamente,  pousou  as  mãos ao lado do prato e assumiu um ar sorridente.  Era  a  imagem  da  inocência  quando a mulher entrou na sala.
Desculpando-se pela demora, ela perguntou- lhe se tinha olhado para a mesa.
Depois   de   ele   jurar   que   não,   ela   retira-lhe   a   venda,   e,
Surpresaaaa!

Estavam    12    pessoas    perplexas    e   lívidas   sentadas   à   mesa:

Os  pais,  os  sogros,  o  patrão  e os colegas de tantos anos de trabalho.

Era a "festa surpresa de aniversário do Zé!"

Sem comentários:

Enviar um comentário